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Carregar o nome de jogadores consagrados não é tarefa fácil. Os filhos de ídolos do futebol brasileiro normalmente sofrem uma pressão extra. E não tem sido diferente com Felipe Adão, filho do ex-centroavante Cláudio Adão.

Aos 26 anos, o atacante passou pelas divisões de base do Flamengo, Vasco e se profissionalizou no Botafogo. Em nenhum dos grandes do Rio de Janeiro teve sucesso, segundo ele por causa da pressão do nome. Após passagem pelo FC Lucern, da Suíça, ele sentencia:

– Na Europa quando é filho de alguém famoso, se você for bom, é claro, você vai longe. Mas aqui no Brasil só te colocam para baixo.

Com ou sem a pressão de ser o filho de Cláudio Adão, que se destacou em clubes como no Flamengo, Santos e Bahia, Felipe disputa o Campeonato Baiano pelo Serrano. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o atacante comentou também o fato de já ter atuado pelo rival Vitória da Conquista, as semelhanças com o pai e revelou uma sondagem do Bahia.

Confira a entrevista:

Depois de passar pelo Vitória da Conquista você está no Serrano, rival da mesma cidade. Como é essa rivalidade no interior?
A rivalidade é grande, boa, gostosa. Mas o profissional não pode escolher tanto. Depende das ofertas e o Serrano é um clube bom.

Você tinha mesmo proposta de clubes paulistas e cariocas antes de fechar com o Serrano? Por que optou pelo clube baiano?
Tive uma proposta do Rio e do futebol paulista. Mas além da proposta do Serrano ser boa, eu preferi também porque tive uma passagem muito boa aqui e resolvi fazer mais uma aposta.

Acredita que o Serrano tem condições de surpreender neste Campeonato Baiano?
A gente teve nossa primeira vitória agora (o gol do triunfo sobre o Juazeirense foi de Felipe Adão) e acho que o grupo estava um pouco ansioso. Espero que agora a gente embale no campeonato.

Você passou por clubes como Flamengo, Vasco e Botafogo, mas não conseguiu se firmar. O que aconteceu?
No Botafogo eu era muito jovem e teve essa coisa do nome do meu pai, que foi um dos maiores jogadores do Brasil. Essa coisa confunde um pouco e cria uma certa dificuldade para mim. Sempre tem comparação e não é para o lado positivo. Se fosse para o lado positivo, seria bom, mas a mentalidade do brasileiro ainda é muito ruim. Na Europa quando é filho de alguém famoso – se você for bom, é claro – você vai longe. Mas aqui no Brasil só te colocam para baixo.

Então ser filho de Cláudio Adão lhe prejudicou na carreira?
Ainda tenho idade para recuperar, dar a volta. O que eu fiz no Vitória da Conquista, se é um jogador que não tem o sobrenome que eu tenho, já estaria em um clube grande. Com certeza Bahia ou Vitória teria contratado. Ano passado até teve uma sondagem do Bahia, mas acabou não dando certo.

Então o fato dele ser seu pai atrapalhar?
Atrapalha mais a cabeça dos outros do que a minha. Eu já me acostumei com essa pressão. Quando a oportunidade bater de novo, espero que seja agora, eu vou agarrar.

Você tem semelhanças com seu pai?
Com certeza. Diversas características que são iguais. Eu comecei era meio campo e passei a ser centroavante – já é uma mudança por causa dele.

Quais seriam as semelhanças?
Principal é a matada no peito. Todo mundo diz que é muito igual e a técnica de tocar a bola.

E as diferenças?
Ele foi um exímio cabeceador. Eu sou um bom, mas igual a ele não tem comparação.

Qual seu maior objetivo no futebol?
Todo jogador pensa em chegar na seleção. Não tem outro caminho. O pensamento tem que ser esse. Estou com 26 anos e tenho tempo suficiente para dar uma arrancada na carreira.