Correio da Bahia

Carlos Augusto Farias é um cara persistente. Antes de ser titular do Vitória da Conquista, passou por outros seis clubes e até disputou a pré-eliminatória da Liga dos Campeões da Europa, mas nunca conseguiu se firmar.

Aos 26 anos, depois de muitas frustrações, Carlinhos finalmente teve seu momento de glória. No domingo passado, ele foi o herói alviverde no primeiro confronto da semifinal contra o Bahia. “Ali passou muita coisa pela minha cabeça. Tudo que passei, e fazer um gol desses numa decisão… é só alegria”, vibrou o meia, nascido em Marabá, no Pará.

Aos oito minutos do 2º tempo, ele viu a redonda sobrar livre no gramado do estádio Lomanto Júnior e não deixou a oportunidade passar. “A bola sobrou pro Hugo, ele foi pra cima do zagueiro, o cara tentou cortar, sobrou pro meio e eu cheguei chutanto, só fiz tirar do goleiro”, relembra o jogador, que acabou com a vantagem tricolor de jogar por dois empates.

Carlinhos foi revelado pelo Santos. Levado por um grupo de empresários, ele chegou na base do clube paulista com 15 anos. Se profissionalizou lá, mas nunca conseguiu realizar o sonho de jogar pelo time principal.

“Treinei com Oswaldo de Oliveira, Luxemburgo, Galo… Passei dois anos no profissional, fui no banco várias vezes, mas nunca tive oportunidade de jogar. Aí, em 2006, eles me emprestaram pro Remo pra disputar a Série B”, conta.
Passou quase o campeonato inteiro no banco da equipe paraense e no final do ano não conseguiu renovar contrato com o Santos. “Era meu último ano de contrato e, como eu não me destaquei, eles não renovaram comigo”. Do banco do Remo para o do Ituano. Lá se foi mais um ano figurando entre os reservas.

Nem no futebol japonês Carlinhos teve sucesso. A tentativa no Tokushima Vortis, em 2007, foi decepcionante. “Fiz uma excursão pra lá, foi só um mês, uma espécie de avaliação, mas o técnico nem soube que eu fui, então fui em vão. Foi uma confusão do empresário”, avalia.

Carlinhos chegou ao Vitória da Conquista um pouco depois, em 2008. De lá pra cá, só deixou o clube duas vezes, e por empréstimo. Em 2010, foi para a Europa defender o Makedonija, time da Macedônia, na pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Duas derrotas por 2×0 para o BATE Borisov, da Bielorrússia, eliminação e retorno para o Brasil a contragosto. “Foi bom demais. A Liga dos Campeões é outro nível. Infelizmente, foram duas lapadas. Se a gente passasse, iríamos ter o Real Madrid no grupo”.

De volta à realidade, reforçou o Tocantinópolis na Série D do Brasileiro do ano passado. Em dezembro, Carlinhos retornou ao Vitória da Conquista, teve o contrato renovado até o final de 2013, ganhou a camisa 10 e finalmente conseguiu se firmar num time. “Aqui eu também não tive oportunidade de ser titular na meia no começo. Antes era mais na lateral-esquerda, nunca tinha me firmado como meia, que é mesmo a minha posição. Agora, que eu tô só na meia, tô fazendo uns golzinhos”, vibrou um dos artilheiros do Bode, que tem seis gols no estadual, assim como os companheiros Roni e Maurício Pantera.

Torcedor do Flamengo e fã de Rivaldo, Carlinhos ainda sonha em jogar em um time grande. No próximo domingo, ele promete mais persistência pra levar o Vitória da Conquista pela primeira vez a uma final de Baiano. O Bode precisa de um empate no jogo das 16h, em Pituaçu. “Nunca pensei em desistir na minha carreira. Não vai ser fácil, mas vamos correr atrás”, avisou.