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É muito mais difícil para um país do tamanho continental do Brasil programar a volta do futebol do que Espanha, Itália, Inglaterra ou Alemanha, que têm dimensões de estados brasileiros. Justamente por isso, a CBF falhou em não preparar um protocolo nacional de retorno aos jogos que evitasse, por exemplo, o que poderá ocorrer no Rio com a retomada do Carioca no pico da pandemia do novo coronavírus no estado e no Brasil.

A Confederação Brasileira de Futebol jogou para os estados a responsabilidade por decidir o retorno do futebol. Por quê? Porque, goste-se ou não, os Estaduais, que precisam de poucas datas para serem finalizados e os deslocamentos dos times são curtos, são os torneios que voltarão primeiro, antes do Brasileiro e da Libertadores. Mas desordenadamente, como se projeta, vai impactar nas Séries A e B e criar um calendário caótico para o futebol brasileiro em 2020.

Alguns times, como Flamengo, Vasco, Inter, Grêmio, Ceará e Fortaleza já treinam, enquanto outros ainda estão parados. Esses times terão vantagem quando o Brasileiro começar? Talvez não. Se o Carioca de fato voltar a ter jogos agora em meados de junho, enquanto outros Estaduais continuam paralisados, Flamengo e Vasco (e Fluminense e Botafogo se cederem e toparem jogar) terminarão o torneio antes dos demais e ficarão eles ociosos depois. Porque esqueça que o Brasileiro vá iniciar antes que outros Estaduais importantes, como o Paulista e o Gaúcho, sejam finalizados.

Pode ocorrer a bizarrice de os cariocas jogarem até meados de julho e depois ficarem mais 20 ou 30 dias sem partidas, enquanto outras equipes finalizam seus Estaduais para iniciar o Nacional, digamos, lá para meados de agosto.

Sem um protocolo nacional que oriente os clubes e federações a retomarem seus campeonatos em momentos próximos, a CBF lavou as mãos e vai prejudicar todo mundo: quem voltar antes e aquele que retornar depois.

Não há previsão para a volta do Brasileiro, apesar do zum zum zum entre os clubes apresentar meados de agosto como possível. De qualquer maneira, há um acordo entre CBF e federações que os Estaduais terminam antes. A preocupação para o Brasileiro são os deslocamentos, já que há estados em situação pior ou melhor com relação ao contágio da Covid-19.

Depois de anos de estabilidade, mesmo com alguns problemas (como não parar os campeonatos em datas-Fifa), o Brasil parece retroceder a décadas anteriores quando os times não sabiam se jogariam na próxima semana.