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Na vitória por 5 x 0 sobre a Bolívia, Tite montou seu time para privilegiar o talento e, sem querer, desafiou quem gosta de definir a maneira e jogar em números. Em teoria, o 4-2-3-1 do primeiro tempo já tinha contradições imediatas, porque Neymar não era ponta esquerda, nem meia. Jogava pela faixa central, perto de Coutinho, com Renan Lodi dando amplitude pela esquerda.

Aos 40 minutos do segundo tempo, Tite gritava: “Pra frente!” Queria mais.

Imediatamente, foi necessário renunciar à tentação de definir o sistema, que serve de base. Com a bola no pé, o Brasil liberava Danilo por dentro, com Renan Lodi infiltrado como ponta-esquerda. Por vezes, 2-3-5, outras 3-2-5. O ataque tinha Éverton, Coutinho, Firmino, Neymar e Renan Lodi.

Douglas Luiz voltava por trás, para proteção da subida de Renan Lodi.

Assim como com Guardiola, o jogo de Tite contra a Bolívia obrigou a desistir de definir o sistema.

Mais importante os conceitos: 1. amplitude com Éverton Cebolinha pela direita e Renan Lodi pela esquerda; 2. saída sustentada, com seis jogadores atrás da linha do meio-de-campo, capacidade de atrair a marcação e abrir espaço na frente; 3. Neymar e Coutinho perto, um do outro, pela faixa central do campo e com liberdade para criar; 4. Firmino centroavante móvel, com busca dos espaços entre as linhas.

Pode-se falar muito mais sobre os conceitos. O fato é que Tite criou seu estilo, assim como muitas vezes é difícil definir o sistema exato de Guardiola. De Klopp, é mais fácil.

O Brasil tornou fácil o jogo contra a Bolívia. Jogou bem. E anunciou um tipo de movimentação que pode ficar marcado, se der certo contra as seleções mais fortes.