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A Federação Paulista de Futebol e os clubes de São Paulo resistem à ideia de paralisar o Campeonato Paulista, como foi recomendado pelo Ministério Público estadual nesta terça-feira. Em nota oficial, a FPF reforçou seu posicionamento e manifestou “contrariedade à recomendação”, citando “critérios científicos” para defender a continuidade do torneio.

Nesta terça, o procurador-geral de Justiça do estado, Mario Sarrubbo, recomendou ao governo estadual a suspensão da realização de jogos de futebol, assim como de cultos religiosos, durante a fase vermelha do Plano São Paulo, em que apenas atividades essenciais podem funcionar.

O estado de São Paulo vive o momento mais crítico da pandemia, com aumento no número de mortes, infecções e nas taxas de ocupação de UTIs.

Dirigentes da federação e de clubes paulistas entendem que não há motivos para que os jogos deixem de acontecer. E citam casos como o da Inglaterra e da Alemanha, em que os campeonatos locais foram mantidos apesar das medidas restritivas severas que foram implantadas para conter a pandemia de Covid-19.

A comissão médica da FPF entende que o risco de contaminação nos estádios de futebol é baixo devido aos protocolos utilizados desde a retomada dos campeonatos, no meio do ano passado, como a realização constante de testes e a diminuição no número de pessoas que trabalham numa partida.

Há também o argumento de que não há registro de contaminação de atletas durante um jogo de futebol. Desde o ano passado, está proibida a presença de torcedores nos estádios.

Na semana passada, antes do clássico contra o Palmeiras, o Corinthians registrou um surto de Covid, com 21 pessoas infectadas. O clube entende que o caso é reflexo da alta de contaminações na sociedade.

Há o temor de que uma nova paralisação do futebol em São Paulo possa causar prejuízos financeiros e ao calendário, já afetado pela interrupção de 2020 – o que levou campeonatos do ano passado a terminarem apenas em fevereiro e março de 2021.

Na semana passada, quando o governo anunciou que decretaria a fase vermelha em todo o estado, José Medina, do Centro de Contingência estadual, usou o mesmo exemplo de campeonatos europeus para justificar a manutenção dos jogos:

– Até esse momento, vai seguir o mesmo modelo da Europa, com vários países que instituíram lockdown e mantiveram a atividade de futebol, atividade esportiva sem plateia. Até o momento, a decisão é manter as atividades, como vem seguido em Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, onde essa atividade, bastante controlada, foi mantida, até porque a população precisa de algum tipo de diversão, de entretenimento durante esse período tão duro.