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O ano passado foi histórico para o Atlético de Alagoinhas. Pela primeira vez, o time soltou o grito de campeão estadual, após derrotar o Bahia de Feira na final do Campeonato Baiano. Foram 51 anos desde a fundação do clube até o título. Agora, é a hora de buscar outro feito inédito: o bi.

De olho em 2022, o Carcará iniciou a pré-temporada desde o fim de novembro. Ao longo desse tempo, disputou sete amistosos e, depois de quase dois meses, chega a estreia no Baianão: neste sábado (15), às 18h30, em casa, no Carneirão, contra o Vitória da Conquista.

Como atual campeão, o Atlético aparece com o status de time a ser batido. Mas o técnico Agnaldo Liz descarta favoritismo. Para ele, é preciso pensar no presente e esquecer um pouco o que ficou para trás.

“É bom ser campeão, mas é passado. O ano de 2021 já acabou para todo mundo. O bicampeonato vai ser algo que a gente vai buscar, mas sabemos que tem as outras equipes, principalmente Vitória e Bahia, que chegam muito forte, também vão tentar buscar o título. Creio que será uma briga legal, um campeonato bastante competitivo. Respeitamos todas as equipes”, afirma.

“Em 2020, participei do vice-campeonato. A gente manteve base, conseguiu faturar o título no ano seguinte. Vamos tentar novas conquistas, mas não vamos dizer que somos os favoritos. Não somos”, declara Agnaldo.

Em 2021, o Carcará fez uma campanha segura e chegou à última rodada da primeira fase já classificado. Nas semis, derrubou a Juazeirense, que era o time de melhor campanha na competição. Na final, empatou com o Bahia de Feira por 2×2 em Alagoinhas e venceu a volta por 3×2 em Feira de Santana e garantiu o título.

Alguns destaques daquele ano mágico já se despediram. O principal deles é Ronan. Herói da final, o atacante até voltou para o Atlético após passagem pelo Vitória, mas deixou a equipe para acertar com o Sampaio Corrêa.

O próprio treinador também mudou. No jogo do título, o Carcará era comandado por Sérgio Araújo – depois de passagens de Zé Carijé e Estevam Soares. Um mês depois, ele foi demitido e Agnaldo Liz contratado para a sequência da Série D. Por outro lado, boa parte do time campeão foi mantido, algo que o atual técnico valoriza.

“O importante é conseguir manter uma base. Principalmente porque, quando a equipe consegue o título, como foi o nosso caso, é muito assediada. O time passa a ser o alvo de buscas para fortalecer as outras equipes. Assim, a gente já trabalhou na Série D do Brasileiro de 2021 visando a possibilidade de trazer alguns atletas. Sabíamos aqueles que iriam ficar e a possibilidade de saída de outros. E começamos a trabalhar”, comenta Agnaldo.

O trabalho para contratar foi importante. Afinal, com o título do Baianão, o Atlético garantiu vaga também na Copa do Nordeste deste ano. Ainda disputará a Copa do Brasil e, mais uma vez, a Série D. Em meio a tantas competições, é difícil não perder jogadores – sejam poupados, lesionados ou até mesmo por covid-19.

Por isso, o clube praticamente dobrou o investimento. “Nossa folha, quando fomos campeões, era de R$ 150 mil – incluindo desde salários a hospedagem, remédios, alimentação… Foi quase um milagre. Mas, com três competições simultâneas, fora a Série D [que começa em abril], era preciso investir na capacidade de substituição. Agora, nossa folha é em torno de R$ 300 mil. Temos, inclusive, duas comissões técnicas. O treinador é o mesmo, mas contratamos auxiliares para, quando uma equipe viajar, a outra seguir trabalhando para estar apta a disputar os outros torneios”, explica o presidente do clube, Albino Leite.

“Antes, tínhamos 14, 15 atletas profissionais apenas. Quando precisávamos de reposição, recorríamos à base. Vamos manter a metodologia, afinal, a base é muito importante. Mas temos, neste momento, 27, 28 atletas profissionais e cinco da base. É um elenco robusto, como tem que ser. Esperamos fazer bons campeonatos no primeiro semestre e chegar para a Série D com gordura financeira”, detalha o diretor de futebol Luiz Matos Júnior.

Para Agnaldo Liz, há um equilíbrio entre os jogadores considerados titulares e os reservas.

“Uma coisa inédita para a gente é que vamos ter essas competições seguidas. Já tivemos Baiano e Copa do Brasil, que não conseguimos passar da primeira fase, e agora temos a Copa do Nordeste no meio. Isso requer um rodízio de atletas. Não há time que consiga jogar todas as competições com a mesma equipe. E ainda tem a questão da covid-19. Você tem que estar preparado – e nós estamos preparados, modelo de jogo definido. Trocar um ou outro não será de grande problema. Nós temos esse equilíbrio de atletas”, diz.

Em meio a tantos compromissos seguidos pela frente, há um objetivo principal 100% definido: o estadual.

“Todos os torneios são prioridade, claro, mas precisamos ter uma estratégia. E nossa estratégia foca no Baiano. É uma competição que abre portas, que nos leva a outros campeonatos. Em segundo lugar, a Copa do Brasil. Afinal, avançou, no dia seguinte tem o TED, é recurso imediato. E depois vem a Copa do Nordeste, que dá visibilidade, o que é sempre importante para um clube como o nosso, raiz, que vive de torcida e patrocinadores”, afirma Albino Leite.