Terra

Quando foi apresentado no PSG, em agosto de 2017, Neymar respondeu que uma suposta busca por um maior protagonismo não influenciou na decisão pela saída do Barcelona. Era um assunto inevitável: por que um jogador de tamanho nível desfazia o ataque com Messi e Suárez para ir a um time de patamar esportivo menor?

Na apuração dos repórteres em torno da negociação, o tema era presente. Neymar queria um time a seu redor. Não que tivesse algo contra Messi, pelo contrário, tanto que o argentino já se mostrou favorável ao retorno do ex-parceiro ao Barcelona. Mas, entre outros fatores, o brasileiro via em Paris a possibilidade de ser a grande estrela da companhia, como um ator convidado para o papel de sua vida, figura principal de uma megaprodução a tomar todos os cinemas.

E agora, dois anos depois da chegada e livre de lesões, Neymar terá no duelo de quartas de final da Champions League, contra a Atalanta, uma jornada em que esse seu papel se faz mais protagonista do que nunca com a camisa do PSG. Ele não terá Cavani, que não prolongou seu contrato para “cobrir” a interrupção do futebol por conta da pandemia, nem muito provavelmente Mbappé, machucado na final da Copa da França e cuja recuperação foi estimada em três semanas – o jogo acontece duas semanas e meia após a lesão.

Na temporada 2017-18, houve um ruído entre Neymar, novo no clube, e Cavani, que logo se tornaria o maior artilheiro da história do PSG, por conta da escolha para cobranças de pênaltis e faltas. A corrida pelo posto de goleador do time era uma questão.

O atrito foi superado, mas quando chegou o mata-mata europeu, as oitavas de final da Champions League, Neymar, machucado, não atuou na segunda partida da eliminação para o Real Madrid. Sem o camisa 10, Cavani fez o gol de honra da derrota em Paris.

O PSG só foi uma vez às semifinais da Champions League, em 1995, quando o time de Raí perdeu para o Milan. Nas últimas sete temporadas, foram quatro eliminações nas quartas de final e mais três nas oitavas de final, uma delas por mérito do próprio Neymar quando, em seu último ano de Barcelona, protagonizou uma virada histórica no Camp Nou – vitória por 6 a 1 que reverteu os 4 a 0 do PSG na França.