Fonte: ECVC

A afirmação é do 1° Secretário da SUDESB e cronista esportivo em uma rádio de Salvador, Sinval Vieira, em entrevista concedida ao site oficial do EC Vitória da Conquista.

Vieira é ex-diretor do Vitória, coordenou as divisões de base do Rubro-negro e ao lado de Alexi Portela e Jorge Sampaio, foi um dos responsáveis pela reformulação administrativa no Leão que culminou no retorno à Série A do Brasileiro.

Ele falou sobre a Bahia no cenário nacional, fórmula de disputa do campeonato estadual e a importância de novas forças no futebol estadual.

– Sinval, como você avalia hoje o futebol baiano, no cenário esportivo nacional?
É necessário que os desportistas da Bahia pensem mais alto e principalmente com o fortalecimento de outros clubes que não sejam Bahia e Vitória, porque enquanto perdurar esse monopólio de Bahia e Vitória, sem o aparecimento de uma terceira e até uma quarta força o futebol da Bahia pouco vai dar um passo à frente. Nesse aspecto eu acho que existem dois clubes que todo o esporte deveria trabalhar em função do seu fortalecimento. Estou falando do Fluminense de Feira e do Vitória da Conquista, porque além de serem de cidades grandes, vislumbramos que ambos com boa gestão poderão crescer e se tornar essas forças.

– Os times do interior tem mostrado um desempenho melhor nos últimos anos, inclusive com um título para o Colo Colo de Ilhéus. A que você atribui esse crescimento?
Foi bom você ter citado o Colo Colo em 2006, porque veja bem, o título foi uma coisa não planejada, basta ver que depois de ser campeão o Colo Colo não teve gestão para manter o time na ponta e depois do título daquele ano, em todos os demais campeonatos caiu vertiginosamente o que significa dizer que aquilo foi algo não planejado, que aconteceu e por falta de gestão o time não se estabilizou nem cresceu, ao contrário, involuiu.

– Em 2006 o Vitória da Conquista começou a disputar competições oficiais, conseguindo a vaga para a primeira divisão no mesmo ano. Neste pouco tempo tem se firmado como uma das forças do estado. A que você atribui esses resultados?
Eu tenho sempre dito aqui em Salvador que Ederlane têm realizado um trabalho de gestor, de administrador de clube, porque desde que surgiu sempre o time do Conquista tem feito times competitivos, tem feito negócio com jogadores, porque hoje não se vive sem os negócios e tentando com esses valores fazer uma estrutura física para crescer. Uma gestão se estabiliza justamente quando você tem uma estrutura físico-administrativa, porque isso tudo vai espelhar dentro de campo. Eu acho que nos últimos anos, a grande equipe do interior foi o Vitória da Conquista e sempre tenho elogiado muito a forma como Ederlane tem gerido este clube.

– Seria importante a firmação de uma terceira força no estado para disputar em condições de igualdade com a dupla BAVI?
Eu acho que se não existir a terceira e até a quarta força o futebol da Bahia não vai sair do lugar. Falamos anteriormente do Colo Colo campeão em 2006 e antes disso, o último campeão fora a dupla BA-VI tinha sido o Fluminense em 1969 para se ver a discrepância. Então, quando se começa um campeonato hoje qualquer pessoa diz que a final vai dar BA-VI e isso não é bom porque se torna um campeonato previsível e isso precisa acabar. É por isso que eu defendo e faço o que posso para que surja a terceira e a quarta força do futebol. Quando nós tivermos no mínimo quatro equipes em condições de ganhar um título, que sejam quatro equipes disputando em condições iguais, acho que aí o futebol da Bahia dá vários passos pra frente.

– E como os times do interior poderia se fortalecer no sentido desse desenvolvimento?
Veja só, eu acho que acima de tudo tem que haver uma maior conversação entre os clubes do interior, porque quando eles vêm participar do Conselho Técnico da Federação estão muito despreparados, eles não conversam, porque o que é bom para o Vitória da Conquista é bom para o Fluminense, para o Itabuna, para o Colo Colo e nem sempre eles estão na mesma sintonia. Creio que tudo aquilo que possa ser um trabalho em defesa dos interesses eu acho que é uma boa coisa. Uma associação bem feita, sem política no meio, para defender os interesses dos clubes do interior, com certeza seria uma passada boa para os clubes do interior.

– O Campeonato Baiano mudou a sua fórmula de disputa há alguns anos para pontos corridos e este ano novamente este ano dividiu em grupos. Você acha que essa é a melhor fórmula de disputa?
Para mim não existe nada tecnicamente melhor do que pontos corridos. Eu sou um defensor desta fórmula de disputa, com todos os times jogando todos entre si, ida e volta, como é a disputa do campeonato brasileiro e quase todas as disputas do futebol no mundo. O campeão de uma competição de pontos corridos realmente é o verdadeiro campeão, porque foi o melhor. Quando há divisão de grupos, nem sempre vence quem realmente tem mérito para vencer.