Jogadoras sentem falta de alguém que ‘abrace’ o futebol e a causa feminina
Bahia Notícias

Durante as Olimpíadas de 2016, grandes seleções femininas como a dos Estados Unidos, Japão e Alemanha foram treinadas por mulheres. Para o país do futebol, ter uma mulher em tal posição ainda parece algo inusitado. Recentemente, a Seleção Brasileira de Futebol Feminino perdeu a sua primeira técnica da história, Emily Lima. Após 10 meses e 13 partidas, contando com 7 vitórias, 6 derrotas e 1 empate, a ex-treinadora foi demitida da seleção sem ter disputado nenhum jogo oficial.
O fato de Emily ter sido a única técnica da seleção é um reflexo do que acontece no futebol de todo o Brasil. “Nunca fui treinada por uma mulher, adoraria ter essa oportunidade um dia”, confessa a jogadora da equipe feminina do Vitória, Taiana. A jogadora baiana acredita que as equipes femininas poderiam ter um desempenho melhor se fossem treinadas por uma mulher, pelo simples fato da equipe ter a possibilidade de ser melhor entendida. “Muitas jogadoras são mães de família, então têm um trabalho dentro e fora de casa e uma treinadora que foi atleta de futebol saberia as dificuldades que a gente tem”, exemplifica ela.
Milena Bispo, meia do time, acredita que ser treinada por uma mulher representaria uma nova barreira quebrada. Segundo ela, para treinar a equipe, o que se faz mais necessário é o comprometimento com a causa feminina. “Seria muito mais proveitoso, por exemplo, ter uma pessoa que goste do futebol feminino e que abraçasse a causa, do que uma pessoa que esteja só por experiência”, diz ela.
Para a jogadora Taianara, também da equipe feminina do Vitória, a saída de Emily da seleção gerou uma insegurança no futebol feminino, que já sofre com a desigualdade provocada pelo machismo. “Mas o nosso futebol trabalha como o masculino, busca como o masculino, não existe argumento suficiente para que não tenha igualdade”, diz ela.
Segundo Milena, o fato de futebol ser considerado “coisa de homem” acaba sendo uma desculpa recorrente no esporte para explicar a falta de investimento e visibilidade da equipe feminina. “Como vamos ter público se ninguém sabe quando temos um campeonato, um brasileiro, um mundial?”, indaga a meia, lembrando que nas Olimpíadas, os jogos de futebol femininos tiveram um público considerável, fato que torna questionável a afirmação de que não há interesse do público no futebol praticado pelas mulheres.
Para mudar essa realidade, Taiana comenta que o que se faz mais necessário é “ter os mesmos direitos, privilégios, reconhecimento, visibilidade, principalmente transmissão de jogos e notícias sobre o futebol feminino”.










