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Muitas vezes eleitos os vilões das tardes de domingo, os juízes de futebol vieram em peso à Câmara dos Deputados pedir o reconhecimento de sua profissão. Árbitros de diferentes gerações e representantes da entidade nacional da categoria discutiram sua situação em audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto nesta terça-feira. Apesar de atuarem num mercado milionário, em que todas as outras profissões já foram regulamentadas, os árbitros não têm nenhuma das garantias que o trabalhador comum tem.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e as federações estaduais dão cursos de formação de árbitros, mas os gastos com preparo físico, médicos, fisioterapia e todos os incidentes que possam ocorrer fora de campo ficam por conta do profissional. Para atuar no Brasil, a CBF exige que o juiz tenha outro vínculo profissional, o que muitas vezes é incompatível com a exigência de viagens por todo o País e a presença em cursos de formação.

Para uma carreira internacional, o profissional tem ainda de falar inglês fluente e ter perfeita forma física. A aposentadoria ocorre aos 45 anos. Um árbitro da Fifa (Federação Internacional de Futebol) recebe R$3 mil por partida, com cerca de 48% de descontos.

O presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol, Marco Antônio Martins, disse que, além de fazer justiça, o reconhecimento da profissão poderá beneficiar o futebol brasileiro, porque os juízes poderão se dedicar ao aperfeiçoamento profissional. “Com a profissionalização, a gente vai poder dispor de todo o tempo para a arbitragem.”

Ex-goleiro, o deputado Danrlei de Deus Hinterholz (PTB-RS) também acredita que a importância do futebol na vida do brasileiro exige árbitros profissionais. “Já passou do tempo. Acho de fundamental importância para o crescimento dos próprios árbitros, para que eles possam realmente se dedicar a isso. Tenho certeza de que haverá árbitros ainda melhores do que já temos. E olha que já temos árbitros muito bons”, ressaltou.