Isto É

O período sem jogos e treinos, acrescido da crise, tem levado clubes e patrocinadores a buscarem alternativas para compensar a perda financeira provocada pela crise do coronavírus. Afinal, contratos, firmados antes da pandemia, tinham a exibição da marca como motivação óbvia. No momento atual, porém, não há praticamente retorno do investimento realizado por causa da falta de visibilidade.

A tendência, inclusive, é de que o cenário de dificuldade se mantenha mesmo quando for possível a retomada das competições. Como o calendário estará apertado pelo período de paralisação dos torneios, da exposição perdida durante a quarentena, a recuperação das marcas vai variar entre 50% e 75%, de acordo com José Colagrossi, diretor executivo do Ibope Repucom.

“O volume de exposição se dará em um período menor”, afirma. “Ao comprimir vários campeonatos, vai ter tanto jogo que teremos um problema de televisionamento com menos jogos na TV aberta do que em uma temporada regular”, acrescenta.

É uma argumentação, portanto, contrária a de alguns clubes, que apontam a busca pela manutenção do calendário intacto, especialmente a disputa do Brasileirão de pontos corridos e em 38 rodadas, para convencer parceiros a manter o apoio inalterado. “Acreditamos que o que não está sendo entregue agora, em termos de exposição, será recuperado lá na frente, pois o calendário não deve ser reduzido”, defende Beto Carvalho, diretor executivo de marketing do Grêmio.

Independentemente de quem está com a razão nesse debate, o fato é que as rescisões de contrato pelos patrocinadores têm sido raras, com o caso mais conhecido sendo o da Azeite Royal, que logo no início da quarentena rompeu seus acordos com Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense e o Maracanã. “Foi algo totalmente isolado, o bom senso tem imperado em um momento inédito e de estresse”, avalia Fábio Wolff, sócio-diretor da agência de marketing Wolff Sports.

O mais comum vem sendo a suspensão de contratos pelo período em que não há a entrega comercial da exposição da marca, em geral por dois meses, o que provoca a prorrogação dos vínculos. Ou seja, o valor acordado será recebido mais à frente, mas a receita imediata está perdida.

Clubes e empresas, seja por acordos de confidencialidade ou para evitar a exposição do patrocinador, evitam revelar quais contratos foram suspensos. Sabe-se, porém, que o Consórcio Multimarcas “congelou” seu acordo com os mineiros Atlético e Cruzeiro, em um cenário que se repete com alguns patrocinadores de pequeno e médio porte, como a Marjosports, que possui acordo com o Corinthians, e a Autoridade de Turismo da Tailândia, que apoia as divisões de base do Santos. “Tem renegociações, mas nenhum cancelamento. A empresa deixará de pagar, mas fará depois”, explica Pedro Melo, gerente de patrocínios do Atlético-MG.