Atarde

Com a tranquilidade de já ter no bolso as vagas para a Copa do Mundo, Brasil e Argentina podem ser dar ao luxo de usar a reta final das eliminatórias sul-americanas como um laboratório de testes, de olho em aprimorar suas seleções antes de viajar ao Catar.

Classificadas para a Copa desde novembro, as duas potências terão a oportunidade de arriscar e testar nas últimas quatro partidas que restam pelas eliminatórias, enquanto as outras seleções do continente, salvo a eliminada Venezuela, batalham pelas outras duas vagas diretas e pela repescagem.

O líder Brasil poderá avaliar alternativas táticas e o nível de alguns jogadores contra o Equador, nesta quinta-feira em Quito, e contra o Paraguai, na próxima terça-feira em Belo Horizonte. A Argentina, segunda colocada, fará o mesmo diante do Chile, em Santiago, e Colômbia, em Córdoba.

Apesar das ausências de Neymar, que está na reta final da recuperação de uma lesão no tornozelo esquerdo, e de Lionel Messi, reintegrado recentemente ao PSG após ter tido covid, os técnicos Tite e Lionel Scaloni se mantiveram fiéis às convocações recentes para os primeiros jogos de 2022.

“Nesses poucos jogos que restam, acho que nenhum treinador vai fazer milhares de testes. É preciso ter algumas convicções e trabalhar nessas convicções, e acredito que é o que Tite e Scaloni vão fazer”, declarou à AFP Paulo Calçade, comentarista dos canais Disney.

“Eles acreditam num formato táctico, tendo ou não Messi e Neymar, e a base será mantida”, completou.

Quebrando recordes, mas frequentemente questionado pelo futebol apresentado, o Brasil parece ter se fortalecido após a derrota para a Argentina na final da Copa América-2021, disputada no Maracanã.

Uma mudança que veio com o rejuvenescimento do ataque, o mais letal das eliminatórias (27 gols em 13 jogos), mas que parecia ser muito dependente de Neymar.

Os rápidos Antony e Raphinha surpreenderam nos jogos de outubro e novembro, respaldados pela consolidação de Lucas Paquetá, que já vinha demonstrando ótimo entendimento com Neymar em campo e que cresceu na armação de jogo na ausência do camisa ’10’.

Embora ainda não pareça ter a total confiança de Tite, Vinicius Jr. tem sido nome certo nas convocações por causa do grande desempenho apresentado no Real Madrid. O jovem de 21 anos, revelado pelo Flamengo, tem tudo para brigar por uma vaga no avião que levará o Brasil para o Catar, especialmente em função dos problemas físicos ou de rendimento dos veteranos Richarlison, Everton Cebolinha e Firmino.

O Brasil também deverá aproveitar as eliminatórias para definir seu sistema defensivo, no qual algumas peças já estão definidas na cabeça de Tite e dos torcedores.

Danilo (lesionado) tem a vantagem na lateral direita, enquanto Daniel Alves e Emerson Royal brigam por um lugar no banco. Na esquerda, Alex Sandro costuma ser o titular de Tite, mas é ameaçado por Renan Lodi, Guilherme Arana e Alex Telles.

“Nos próximos dez meses, é preciso olhar atentamente quem pede passagem e quem não se dedica. Puxar a corda para acompanhar os mais decisivos e insistir na recuperação de Neymar”, analisou o comentarista Paulo Vinicius Coelho, na Folha de São Paulo.