:: ‘FAIR’
Paulo Bento peitou a farsa do Fair Play no futebol brasileiro
Lancenet
Em apenas três jogos à frente do Cruzeiro, o treinador português já percebeu como os jogadores brasileiros se utilizam do Fair Play como forma de gastar os minutos finais de uma partida. Não é uma questão de bom senso, e sim uma farsa.
No último sábado, o atleta do América-MG simulou uma contusão e o técnico do Cruzeiro impediu que seu time devolvesse a bola para o adversário. Após a partida, foi enfático: “Quero que meus jogadores joguem de forma leal. Não digo nunca a um jogador meu para queimar tempo, se jogar no chão. O que eu digo é que a partir de agora, por uma questão de filosofia, o Cruzeiro não colocará a bola fora. Se a colocar, não pretendemos que nos devolvam. Está o árbitro lá para isso”.
E aí entra mais um personagem: o juiz. Esse ser melindroso incapaz de perceber a diferença entre lesão e catimba e que se torna conivente com a prática. Esqueçam essa bobagem de “o juiz não é médico, ele não pode impedir o atendimento”. A prática é tão recorrente que se torna fácil perceber quando a interrupção forçada se torna trapaça.
O Fair Play não é apenas uma situação de jogo. Virou uma campanha da Fifa, que busca o respeito entre os jogadores. E surgiu justamente depois de um dos lances mais controversos da história do futebol: La Mano de Dios, o gol de mão de Maradona na Copa do Mundo de 1986.
Por aqui, institucionalizou-se o golpe. O contexto é sempre o mesmo. Jogadores do time que está vencendo ou que deseja manter o empate começam a cair no gramado sem qualquer contato físico. Desabam, como goiabas maduras, sem qualquer cerimônia. Rolam pelo chão, fingem câimbras, cobrem o rosto com as mãos, até o juiz autorizar a entrada do atendimento médico. E se o adversário não devolve a bola no lance seguinte, instaura-se a confusão, como se, no fim das contas, existisse uma regra para beneficiar o falsário.
Outro estrangeiro também se manifestou sobre o tema. O zagueiro Lugano, ídolo do São Paulo, apoiou o técnico cruzeirense: “Você passa por idiota”, justificou. Não se sabe quanto tempo Paulo Bento vai durar por aqui, mas vale torcer para que este pequeno legado vingue. Se o futebol brasileiro deseja restaurar algo de sua credibilidade, um dos passos é extinguir um dos seus hábitos mais patéticos.
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