:: ‘PRECEDENTES’

Texto: Elton Serra

Quando eu era bem mais novo, adorava acompanhar o Campeonato Baiano. A dupla BaVi figurava na elite nacional, a Catuense na segundona e o Fluminense lutava com todas as forças na terceira divisão. Os clubes do interior se preparavam com qualidade e todo ano revelavam grandes talentos. Cada jogo, uma emoção. Mas aí, o futebol mudou. Surgiram os direitos de arena, a Lei Pelé, a força comercial das redes de televisão. Os jogadores, antes mais entusiastas do futebol, tornaram-se funcionários de clubes, que têm na rotatividade de pessoal uma característica que torna o esporte cada vez mais capitalista.

O futebol mudou. O futebol baiano também.

Acompanhar o Campeonato Baiano já não é mais tão atraente. Obviamente que, como profissional do jornalismo, torna-se uma obrigação acompanhá-lo. Porém, nosso querido estadual parece não seguir na esteira do desenvolvimento do esporte, sobretudo na parte estrural do negócio. O exemplo mais tupiniquim desta estagnação do “Baianão” é o Juazeiro. A reforma do estádio Adauto Moraes não será concluída a tempo do início do estadual de 2011, e o time procura outra casa para mandar seus jogos. Após namorar com a cidade de Jequié, localizada a 550km de Juazeiro, o clube deve mudar-se para Petrolina, cidade vizinha, mas que pertence ao estado de Pernambuco.

O cúmulo.

A despeito do Regulamento Geral das Competições permitir a aberração – já tivemos jogos do Campeonato Carioca no Espírito Santo -, é desvalorizar ainda mais um estadual que poderia ser bem melhor estruturado. Entendo o esforço do presidente da FBF, Ednaldo Rodrigues, que tenta fazer do “Baianão” um campeonato mais atraente, mas parece que dirigentes de clubes e prefeituras do interior não têm o interesse de tornar o esporte mais forte.

Não pretendo colocar nesse texto soluções para que esse cenário mude. É apenas uma reflexão sobre a situação atual do nosso futebol baiano. Futebol este que, se outrora era apaixonante e nos dava orgulho, hoje causa alguns constrangimentos.