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O próximo dia 20 de maio, sexta-feira, será de sentimentos contrastantes para o professor José Arcanjo Dias Rocha, 50. De entusiasmo, por ser um dos 71 escolhidos para conduzir a Tocha Olímpica em Vitória da Conquista, e de pesar pelo falecimento de sua mãe, Noeme Oliveira Rocha, aos 90 anos, no último dia 20 de abril.

“Vai ser um momento único. É um privilégio concedido por Deus e pelo nosso Município. Participarei com muita alegria, embora esteja triste e com saudade da minha mãe que partiu. Mas, vou conduzir a tocha, homenageando a ela e meu pai. A família é essencial, principalmente, para a pessoa com deficiência”, disse Arcanjo, que nasceu com baixa visão e ficou cego ainda na juventude.

E esse espírito olímpico, de superação, sempre conduziu Arcanjo. Professor há 23 anos na Associação Conquistense de Integração do Deficiente (Acide), Arcanjo dá aulas de Braille e de Informática. Além disso, por três mandatos, ele atuou como presidente da instituição.

Para o professor, que aprendeu Braille aos 12 anos, a informática facilitou o acesso a comunicação. “Foi uma janela que se abriu para as pessoas cegas. Temos, com facilidade, acesso a textos e livros diversos. Por isso, meu desejo é estender o ‘mundo da Internet’ para mais pessoas com deficiência, por meio de programas apropriados”, projeta o visionário que há 20 anos comprou o primeiro software de voz e instalou nos computadores da Acide.

Essa defesa das políticas públicas para a pessoa com deficiência, Arcanjo acredita ter sido o motivo dele ter sido escolhido para conduzir o símbolo olímpico: “fiquei muito honrado com a indicação feita pelo Governo Municipal. É um reconhecimento a uma vida dedicada à causa da pessoa com deficiência”.

Durante sua vida, a sua guia sempre foi dona Noeme. O pai, José Vieira Rocha, morreu em 1988, quatro anos depois de chegar a Vitória da Conquista, buscando um lugar mais desenvolvido para Arcanjo e seu irmão mais novo, Luciano Rocha, 46. O caçula constituiu família, e Arcanjo ficou na companhia de sua mãe.

“Ela foi de uma importância inigualável. Tenho o curso de Pedagogia, profissão que exerço, e uma pós em Educação Inclusiva – todas foram iniciadas com o incentivo da minha mãe, que só tinha o segundo ano primário. Lá, na zona rural de Caatiba, há quase 50 anos, ela pegava o caderno e avivava as linhas finas para que eu pudesse ver e traçar as primeiras letras”, relembra.

Ainda, segundo Arcanjo, quando estava na rede regular de ensino, ela copiava para o caderno dele os apontamentos dos cadernos dos colegas. “Ela também lia para que eu pudesse fazer minhas provas. Minha mãe sempre me acompanhou”, relembra o professor. Por isso, que ao conduzir a Tocha Olímpica, Arcanjo estará homenageando todo o esforço de sua mãe.