Globo Esportes

Os jogadores de futebol do Brasil, representados em parte pelo Sindicato dos Atletas do Rio de Janeiro, não aceitarão a proposta dos clubes de férias coletivas já e redução salarial de 25% se a crise não acabar até maio. Mas apontaram uma contrapartida: eles aceitam reiniciar conversas se a CBF participar como avalista das dívidas dos clubes.

O impasse está posto, porque a CBF não deve aceitar a participação como avalista. Assim, a partir de quinta-feira, serão buscadas soluções individuais, clube a clube.

Mas as diretorias procuram unidade. Durante toda a terça-feira (24), dirigentes da Comissão Nacional de Clubes dialogaram por teleconferência. Presidentes como Sergio Sette Camara, do Atlético Mineiro, e Maurício Galiotte, do Palmeiras, trataram do assunto.

Busca-se uma união. Se um clube der férias a partir de sexta-feira, todos da mesma divisão devem fazer o mesmo. Se um definir unilateralmente descontar 25% do salário, como permite a legislação, todos terão de tomar a mesma decisão. Desde a Copa União de 1987, não há unidade entre os clubes para decisões coletivas.

O caso brasileiro difere do que começa a acontecer na Europa. Na Alemanha, os jogadores do Borussia Monchengladbach propuseram redução salarial de 20% e houve rápido acordo com os dirigentes do quarto colocado do Campeonato Alemão. Essa tendência espalhou-se para clubes como Borussia Dortmund e Bayern de Munique. Está quase fechado também acordo no Bayer Leverkusen.

A situação na Alemanha é mais tranquila, porque entre os grandes países da Europa é o menos afetado pelo coronavírus. Há projeção de reinício do campeonato em 30 de abril. Na Itália, hoje discute-se mais abertamente a possibilidade de anular a temporada 2019/20. Não ter campeão. Esta não é uma decisão tomada, mas uma tendência cada vez mais forte.

Isso pode ocorrer na Inglaterra também, embora o confinamento no Reino Unido vá, em princípio, até a Páscoa. Na Espanha, o Barcelona propôs inicialmente redução de 70% dos salários de seu time de basquete. Não houve acerto. Desde terça-feira, há conversas com os quatro líderes do time de futebol, Messi, Busquets, Piqué e Sergi Roberto, sobre a chance de reduzir em mais de 30% os salários de todas as modalidades do Barcelona.

O presidente da Liga, Javier Tebas, acredita na possibilidade de retomar o campeonato no fim de abril, como se imagina na Alemanha. O planeta inteiro sabe que isto pode ser impossível.