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O futebol carioca provará que a estupidez de alguns dirigentes e políticos brasileiros tem um limite ainda desconhecido. Sem nenhuma razão aparente, o estadual retornará nesta quinta-feira (18), quando o país e a região especificamente ainda convivem com o drama do Covid-19, colocando uma série de profissionais em um risco absolutamente desnecessário e ainda passando uma imagem de superação a uma doença que matou 1.338 brasileiros nas últimas 24h, terceiro maior índice já registrado.

Por que voltar o campeonato? Fora os anseios financeiros dos dirigentes e as ambições políticas dos governantes, não há explicação. Para começar, o pico do Covid-19 não está claro no Rio de Janeiro. Existe a possibilidade de ele ter chegado, mas o tempo de espera até o início dos eventos foi inexistente. Em comparação, a Itália retornou com o futebol 83 dias após o pico de casos registrados do coronavírus. Na Espanha, foram 71 dias. No Reino Unido, serão 78.

Nem mesmo para desafogar o caótico calendário esportivo a decisão pelo retorno do Carioca se justifica. Segundo a Rádio Jovem Pan publicou nesta semana, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estuda atualmente a possibilidade de volta do Brasileirão para o dia 15 de agosto. Ou seja, quando o Estadual do Rio de Janeiro for encerrado, os clubes terão que parar mais uma vez, por pelo menos um mês.

Para piorar, Botafogo e Fluminense, times que tiveram o bom senso de discordar da volta imediata do Carioca, serão punidos por terem respeitado o período de quarentena. Sem treino, as equipes estarão em ritmo inferior aos seus rivais, mesmo que tenham jogos agendados para outras semanas. O desequilíbrio de datas, por sinal, também é algo que faz pouco sentido.

Politicamente, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, mostrou as verdadeiras ambições ao celebrar que o próximo jogo do Flamengo não seria sem público, já que o presidente Jair Bolsonaro, em mais um exemplo na lista de maus exemplos concedidos, estaria presente no Maracanã para acompanhar a partida.

De maneira geral, o esporte se mostrou mesquinho na crise do Covid-19, com o exemplo máximo na insistência do Comitê Olímpico Internacional (COI) em manter os Jogos Olímpicos de Tóquio na data original. No Brasil, o Campeonato Carioca terá um capítulo especial nessa história, com um ato de absoluta irresponsabilidade.