Globo Esportes

Seja pelo grande potencial financeiro, investimento no PSG e, principalmente, ser a sede da próxima Copa do Mundo, o Catar ganha cada vez mais ares de protagonista no mapa do futebol mundial. Sem jogos desde 7 de março, o pequeno país localizado no Oriente Médio planejou uma grande operação para a retomada das competições, que envolve regras de confinamento total dos jogadores e membros de comissões técnicas.

Depois de serem testados no dia 13 de junho, os 12 times da primeira divisão do Catar entraram em isolamento em quatro hotéis cinco estrelas de Doha, com tudo pago pela Liga de Futebol do Catar (QSL). Os quartos são individuais, e os atletas só podem sair para treinar.

O campeonato volta no dia 24 de julho. Inicialmente, o confinamento estava planejado para durar até 23 de agosto, quando as cinco rodadas restantes da temporada estão previstas para terminar. No entanto, a QSL aprovou uma segunda fase do protocolo na quarta-feira passada, que contempla a quarentena dos jogadores em suas casas, para onde eles devem ir nas próximas semanas.

São sete brasileiros na liga. Um deles é Kayke, atacante ex-Flamengo e Santos. Defende o Qatar SC e relatou a grande mudança na rotina.- É uma rotina um pouco diferente do que estamos acostumados. Em pré-temporada, a gente geralmente vai no quarto do amigo, sai no corredor, uns jogam carta, outros videogame, ficamos na resenha na janta… Agora, não tem nada disso. É um jogador por quarto, ninguém pode ficar no quarto do outro. A gente não pode ficar na recepção nem andar sem máscara dentro do hotel, inclusive para ir aos treinos.

De acordo com dados do Ministério da Saúde do Catar, o país tem 91.838 casos e 106 mortes pela Covid-19. O controle da quarentena é feito por um aplicativo do governo, de uso obrigatório a todos residentes do país. Quem não tiver o dispositivo no celular pode ser multado em US$ 55 mil (cerca de R$ 294 mil). O software apresenta uma cor indicando a situação clínica de cada pessoa. Como estão nos hotéis, todos os jogadores de futebol estão com a cor amarela, que corresponde aos que passam pela quarentena.

Para monitorar a Covid-19 no país, há rastreamento por GPS e blitz nas ruas. A punição para quem não obedecer às regras é severa, podendo chegar à prisão de três anos ou milhares de dólares de multa. Com bom humor, Kayke diz não saber os valores das penalizações e revela que “não faz esforço” para descobrir.