Terra

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O Sampaio Corrêa deu show na Série D do Campeonato Brasileiro de 2012. Além de ter sido campeão invicto, com 11 vitórias e cinco empates em 16 jogos, o clube maranhense teve a maior média de público da competição (e a quinta maior de todo o Brasil), com 19.527 torcedores a cada jogo – aliás, foram 40 mil torcedores na partida Sampaio Corrêa 4 x 1 Vilhena (RO) pelas oitavas de final. Por isso, é de se esperar que um clube que atraia talvez a menor média de público da quarta divisão nacional seja um retumbante fracasso, certo?

Bem, alguém precisa avisar isso ao Tiradentes. Em quatro jogos que fez em casa até aqui, o clube cearense jogo sempre diante de pouquíssimo público – na sexta rodada, contra o Potiguar (RN), apenas 58 torcedores compraram ingressos para a partida no Estádio Presidente Vargas. E mesmo assim, a equipe é dona da melhor campanha da competição até aqui: em nove rodadas pelo Grupo A3 da primeira fase, foram sete jogos, com seis vitórias e um empate, 13 gols marcados e nenhum sofrido.

Pode parecer pouca coisa, mas não é. Entre os 101 times que disputam alguma das quatro divisões nacionais, apenas Guarani (Série C) e Tiradentes (Série D) seguem invictos – e, curiosamente, ambos seguem sem sofrer gols. Em dez jogos até aqui, o Guarani tem aproveitamento de 66,6% dos pontos disputados (cinco vitórias e cinco empates em dez jogos), enquanto o Tiradentes conquistou 90,4% dos pontos que disputou. Detalhe: contra Central de Caruaru (PE), Ypiranga (PE), Guarany de Sobral (CE) e Potiguar de Mossoró (RN), adversários tradicionais.

Para quem não conhece a Associação Esportiva Tiradentes, é bom avisar: não se trata de um clube novo. Fundado em 15 de setembro de 1961, o time deu trabalho para Fortaleza, Ceará e Ferroviário entre as décadas de 80 e 90 – foi campeão do primeiro turno do Campeonato Cearense de 1988, além de ter dividido o título do confuso Cearense de 1992 com Fortaleza, Ceará e Icasa. Desde então, perdeu espaço e foi rebaixado em 2002, oscilando entre a primeira e a segunda divisões.

As características tão ímpares do Tiradentes, no entanto, não têm sido suficientes para atrair torcida aos jogos. Na primeira rodada, apenas 170 torcedores compareceram à vitória por 1 a 0 sobre o Central no Estádio Alcides Santos – arrecadação de R$ 691, diante de uma despesa de R$ 5.070,94. Daí em diante, a situação só piorou: contra o Ypiranga (terceira rodada, vitória por 3 a 0), somente 97 ingressos foram vendidos para a partida no Estádio Presidente Vargas, com renda de R$ 617 e despesa de R$ 7.819,15. Três rodadas depois (3 a 0 contra o Potiguar), foram 58 ingressos vendidos, R$ 345 de renda e despesa de R$ 9.578,04.

Com uma campanha irrepreensível na primeira fase da Série D do Campeonato Brasileiro, o Tiradentes semeia mais dúvidas do que certezas. O time tem prazo de validade? Qual o segredo da boa campanha? É favorito ao acesso ou fogo de palha? Como vai ser quando começar a enfrentar outros rivais? Classificado para as oitavas de final, o time da Polícia Militar do Ceará começa a responder estas perguntas a partir de 1º de setembro, quando inicia sua participação no mata-mata do torneio contra o segundo colocado do Grupo A4.

Obs: Até a publicação deste texto, o site da CBF ainda não havia disponibilizado a súmula e o boletim financeiro do jogo Tiradentes 2 x 0 Guarany, no sábado, pela nona rodada do Grupo A3.