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Veverton tinha 17 anos quando surgiu a oportunidade da vida. Depois de uma adolescência jogando bola nos campinhos de terra de Rio Branco, capital do Acre, passou a jogar no Juventus, time da cidade, e com ele viajou para disputar a Copa São Paulo de Juniores. Quando soube que o filho enfrentaria o Corinthians, a mãe, Josefa, brincou: – Vão apanhar feio – avisou a mãe.

Daquela vez, o pressentimento materno deu errado. Weverton se destacou e fechou o gol. Em vez de surra, honrosa derrota por 1 a 0 para o time que seria campeão. O melhor veio depois: convite do Corinthians para fazer um teste.

O Juventus não quis liberar Weverton e bateu pé. No fim das contas, prevaleceu a vontade do jovem, que viajou para São Paulo, foi aprovado, mas não se adaptou rápido. Bateu saudade de tudo: da namorada que ficou em Rio Branco, da família, do clima…

– Eu nunca tinha saído de casa. Quando cheguei em São Paulo e vi a realidade, pirei. Queria ir embora. Muita gente me ajudou. Acabei ficando, me adaptei, mas realmente foi muito difícil. Ninguém sabia qual era a minha situação – contou Weverton ao GloboEsporte.com.

Weverton continuou no Corinthians, mas não teve chance. Participou da campanha da Série B em 2008, mas precisou sair para se destacar. Rodou por Oeste, América-RN, Botafogo de Ribeirão Preto até chegar na Portuguesa e se firmar. Depois, foi para o Atlético-PR, onde virou ídolo e um dos principais goleiros do Brasil. O suficiente para Rogério Micale convocá-lo para a seleção olímpica em substituição a Fernando Prass – fato que fez sua página no Facebook ganhar quase três mil seguidores só na noite de domingo.

O goleiro virou ídolo tão querido no Furacão que resolveu abrir uma escolinha de goleiros. Em parceria com o clube, ele tem duas unidades em Curitiba e faz questão de aparecer por lá regularmente para dar aula aos pupilos, de seis a 18 anos. O próximo passo é abrir um projeto social em Rio Branco.

– As crianças se identificam muito comigo. Meu público maior aqui são as crianças. Elas querem ser goleiras porque eu sou goleiro. Assim, tive a ideia de fazer a escola. Era uma oportunidade de interagir. Uma vez por mês, ou em 15 dias, dependendo da agenda, eu dou um aulão. Meu maior prazer vai ser ver um goleiro sair dali. É meu projeto para o futuro – disse Weverton.

Na escolinha, o arqueiro pode relembrar o passado. Criado pela mãe e pelo avô materno, Weverton teve dificuldades comuns a muitos jovens para ser jogador de futebol. Precisava faltar a treinos por não ter dinheiro de transporte. Em folga no Corinthians, quando pensava em abandonar tudo, foi Josefa quem se virou para pagar a passagem de volta ao Acre para o menino aliviar a saudade.

– Ele não estava se adaptando, queria voltar para casa. Dizia que o CT era um deserto, só escutava grilo, era uma solidão. Comprei uma passagem, quase meu salário inteiro, para ele ir para a casa. Achei que deveria confortar o coração dele – lembrou Josefa.

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