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Em um planeta ameaçado por um inimigo invisível, se contam nos dedos os governantes que têm minimizado a gravidade de uma doença que já matou mais de 180 mil pessoas em cinco meses. Os presidentes da Nicarágua, de Belarus, do Turcomenistão e do Tadjiquistão têm chamado atenção por manterem a vida mais ou menos normal em seus países, a despeito das recomendações de isolamento social feitas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Enquanto a pandemia interrompeu os esportes no mundo inteiro, ela não foi capaz de pará-los nesses quatro países, todos governados por regimes ditatoriais. Seus líderes populistas têm indicado medidas exóticas para combater a doença, como o consumo de vodca e a dispersão de fumaça de ervas locais. Alguns têm até mesmo incentivado eventos esportivos de massa, participando de muitos deles.

Pouco relevantes no cenário mundial, essas ligas permanecem funcionando, algumas até recebendo torcedores, e ganharam holofotes em sites de apostas e de transmissões de partidas online.

Profissionais que atuam nessas ligas relatam o sentimento de fazerem parte de um pequeno grupo de pessoas que continuam jogando futebol em meio à pandemia. A sensação é um misto de medo de contágio com esperança de terem o trabalho reconhecido ao ser exposto em nível internacional.

Se os países do mundo disputassem um campeonato de democracias, Belarus, Nicarágua, Turcomenistão e Tadjiquistão estariam na zona de rebaixamento. Um relatório do grupo de pesquisa V-Dem, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, ranqueou 179 países de acordo com critérios como liberdade, igualdade entre os cidadãos e participação política de minorias para medir a qualidade das democracias.

Os quatro países que mantêm suas ligas nacionais funcionando ocupam as últimas posições do ranking e são classificados pelos especialistas como “autocracias eleitorais”, ou seja, até admitem eleições, mas elas são manipuladas para favorecer o grupo no poder.