Tribuna da Bahia

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Se nos anos recentes o Campeonato Brasileiro teve como característica o equilíbrio, em 2013 o Cruzeiro está dominando os adversários e é líder com larga vantagem. Porém, o torneio deste ano continua com um ponto em comum com as temporadas passadas e é algo que alguns consideram como a maior praga do futebol brasileiro: a troca de treinadores.

Após 26 rodadas, um total de 14 clubes já demitiu e contratou novos comandantes pelo menos uma vez. Já foram 21 trocas, número superior aos 19 da temporada passada, mas inferior aos 32 demitidos no Brasileirão de 2010. Apenas seis treinadores continuam no mesmo time desde começo da competição: Cuca (Atlético Mineiro), Cristóvão Borges (Bahia), Oswaldo de Oliveira (Botafogo), Tite (Corinthians), Marcelo Oliveira (Cruzeiro) e Enderson Moreira (Goiás).

Mas será que essa já conhecida “dança das cadeiras” nos clubes realmente ajuda ou cada vez mais atrapalha os clubes brasileiros? O Goal fez uma análise de como estão os clubes nesta temporada que optaram pela demissão e não na continuidade nos trabalhos dos treinadores.

Náutico, Ponte Preta, Criciúma e Vasco têm duas coisas em comum. A primeira é que todos eles trocaram de treinadores durante o Brasileirão e a segunda é que esses mesmos times estão atualmente na zona de rebaixamento para a Série B. São 11 técnicos que já comandaram esses quatro times pelo menos uma vez no torneio, mas que não conseguiram fazer milagre.

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O lanterna da competição é o recordista, já que o Náutico contou com Silas, Zé Teodoro, Jorginho e Levi Gomes antes de assinar com Marcelo Martelotte. A Ponte Preta, vice-lanterna, acertou com Jorginho recentemente, mas antes teve Guto Ferreira e Carpegiani no comando. O Criciúma está também no terceiro com Argel Fucks, que chegou após os fracassos de Vadão e Silvio Criciúma.

Já o Vasco apostou em Paulo Autuori no início do torneio e viu ele em 11 jogos conseguir apenas quatro vitórias, dois empates e cinco derrotas. Um aproveitamento de apenas 42%. Dorival Júnior foi logo chamado para substituir, porém quase nada mudou para a equipe carioca. O novo comandante já fez 22 partidas, sendo sete vitórias, também sete empates e oito derrotas.

Fora da zona, o São Paulo está lutando contra o Z-4 desde o começo. O Tricolor começou a competição com Ney Franco, que assinou ainda em 2012, mas não resistiu aos resultados ruins. Ele saiu com 41 vitórias, 16 empates e 22 derrotas em 79 jogos, um aproveitamento de 59%.

No Brasileirão 2013, ele comandou o time por apenas cinco partidas e conseguiu duas vitórias, um empate e uma derrota. Logo depois, Paulo Autuori foi contratado e o São Paulo entrou em crise vez. Em 17 jogos, ele conseguiu 10 derrotas, quatro empates e apenas três vitórias. Um aproveitamento de apenas 25%. A aposta agora é Muricy Ramalho, que já fez sete jogos, conseguiu quatro vitórias e três derrotas.

O Coritiba foi outro clube que trocou de treinador e a situação ajudou. A equipe foi comandada por Marquinhos Santos até 23ª rodada. Ele conseguiu 57% de aproveitamento, com 33 vitórias, 19 empates e 17 derrotas. A nova aposta do time é em Péricles Chamusca, que já fez dois jogos e acumula duas derrotas.

Mas não só exemplos ruins existem no Campeonato Brasileiro. O Atlético Paranaense começou a competição com Ricardo Drubscky no comando e parecia que o ano seria complicado. Em seis jogos, ele conseguiu uma vitória, três empates e duas derrotas. Vagner Mancini assumiu logo depois da demissão. O resultado? Sob o comando do novo treinador, o Furacão reagiu e até o momento são 19 jogos com 11 vitórias, cinco empates e apenas três derrotas, um aproveitamento de 66%. A equipe está atualmente na terceira colocação do Brasileiro.

Grêmio é outra equipe que acertou na troca. Depois de um começo ruim de Luxemburgo, que fez cinco jogos e conseguiu duas vitórias, dois empates e uma derrota, a equipe gaúcha contratou Renato Gaúcho. O time subiu de produção e hoje é vice-líder da competição. O ídolo gremista tem 12 vitórias, quatro empates e cinco derrotas em 21 jogos.

A Portuguesa também conseguiu evoluir, após trocar Edson Pimenta por Guto Ferreira. A equipe tem conseguido bons resultados, com destaque para a goleada de 4 a 0 sobre o Corinthians e a também elástica vitória por 3 a 0 contra o Santos.

‘Dança das Cadeiras’ no Exterior?

Na Inglaterra, a demissão de treinadores é coisa rara na elite do futebol. Porém, o fato também acontece por lá. Na temporada 2012/13, o Queens Park Rangers, Blackburn e Reading foram os três rebaixados para a segunda divisão e também foram os três dos poucos times que trocaram de comandante durante o torneio. O QPR começou a competição com Mark Hughes, mas logo optou pela troca por Harry Redknapp. O novo treinador não conseguiu tirar a equipe do rebaixamento. A equipe do Reading cometeu o mesmo ‘erro’ e caiu mesmo com a troca de Brian McDermott por Nigel Adkins. Já o Blackburn demitiu Michael Appleton para tentar a sorte com Gary Bowyer.

Porém, por lá também existem exemplos positivos. O Chelsea demitiu Roberto Di Matteo logo no início da competição, para tentar a sorte com Rafa Benítez. A equipe evoluiu, conseguiu uma vaga na Champions League e ainda conquistou o inédito título da Europa League.

Na Espanha, o Deportivo La Coruña cometeu os mesmo erros que algumas equipes brasileiras. Durante a La Liga 2012/13, o time contou com três treinadores. José Luis Oltra e Domingos Paciência comandaram a equipe antes de Fernando Vásquez assumir. O resultado final? A equipe acabou rebaixada para a segundona.

Barcelona, Real Madrid (que só trocou Mourinho por Ancelotti no final da temporada) e Atlético Madrid mantiveram o smesmo treinador durante toda a temporada passda e terminaram a competição nas três primeiras colocações da tabela.